A Cidade de Assis: Nos Passos de São Francisco
Uma viagem pela cidade de Assis, berço do franciscanismo e joia medieval da Úmbria. Este itinerário o conduzirá da Basílica de Santa Clara até a majestosa Rocca Maggiore, atravessando praças históricas, antigos templos romanos e igrejas ricas em espiritualidade.
Basílica de Santa Clara
Começamos nossa jornada pela descoberta de Assis a partir da luminosa Basílica de Santa Clara, reconhecível pela sua característica fachada de pedra rosa e branca e pelas imponentes arcadas rampantes que a sustentam. Construída entre 1257 e 1265, pouco após a canonização da santa, esta igreja guarda alguns dos tesouros mais preciosos da espiritualidade franciscana. Ao atravessar a porta, deixe-se envolver pela atmosfera de recolhimento que permeia a nave única, tão típica das igrejas franciscanas. Aqui, na capela do crucifixo à direita, encontra-se o famoso Crucifixo de São Damião, talvez o objeto mais emblemático de toda a experiência franciscana. Foi justamente em frente a essa cruz que, em 1205, o jovem Francisco ouviu a voz de Cristo pedindo-lhe para "reparar sua casa em ruína", um episódio que marcou o início de sua conversão. É curioso pensar em como Francisco, inicialmente, interpretou essa mensagem de forma literal, dedicando-se a restaurar a pequena igreja de São Damião, antes de compreender que sua missão era muito mais ampla: reformar espiritualmente a Igreja universal. Descendo à cripta, construída em 1850, encontramos o túmulo de Santa Clara. Ali também está exposto o corpo da santa que, surpreendentemente, foi encontrado intacto em 1850, seiscentos anos após sua morte. Ao lado, estão conservadas algumas relíquias comoventes: os cabelos que Clara cortou na noite do Domingo de Ramos de 1212, quando, aos dezoito anos, fugiu da casa paterna para seguir o ideal de Francisco, e o hábito que o próprio Francisco lhe deu como sinal de acolhimento em sua nova vida de pobreza. Antes de deixar a basílica, vale a pena visitar o adjacente Oratório do Crucifixo, onde estão expostos objetos pessoais que pertenceram a Santa Clara, e o claustro, uma oásis de paz que convida à reflexão. Em seguida, saímos da Basílica e descemos pela via Sermei: em cinco minutos estaremos diante da Igreja Nova, a casa natal de Francisco.
Chiesa Nuova: A Casa Natal de São Francisco
Através das características vielas medievais de Assis, chegamos à Chiesa Nuova, um edifício que, apesar do nome, já conta mais de quatrocentos anos. Construída entre 1615 e 1621 por vontade do rei da Espanha, Felipe III, esta igreja barroca ergue-se precisamente no local onde, segundo a tradição, ficava a casa natal de São Francisco. A fachada, sóbria e elegante, introduz a um interior de planta central com cúpula, típico da arquitetura contrarreformista. O que torna este lugar particularmente emocionante é sua conexão com os momentos mais íntimos da vida de Francisco. Ao entrar, à direita, encontramos o que é identificado como a "prisão" de Francisco: um pequeno quarto onde seu pai, Pietro Bernardone, o trancafiou para tentar dissuadi-lo de seu novo estilo de vida ascético. Foi sua mãe, Madonna Pica, quem o libertou durante uma ausência do marido, permitindo-lhe seguir sua vocação. No centro da igreja, protegido por uma grade, pode-se ver o que resta do suposto estábulo onde, ainda segundo a tradição, Francisco nasceu em 1182. Conta-se que sua mãe, prestes a dar à luz e temendo um parto difícil, foi conduzida ao estábulo sob o conselho de um misterioso peregrino (que alguns identificam como um anjo), para que a criança nascesse em humildade como Jesus. Esta lenda, embora historicamente não documentada, sublinha o paralelo entre a vida de Francisco e a de Cristo, tema recorrente na hagiografia franciscana. Um anedoto curioso diz respeito ao nome do santo: ao nascer, sua mãe chamou-o de Giovanni, mas ao retornar da França, onde estava a negócios, o pai renomeou-o Francisco ("o francês") em homenagem ao país onde fechara lucrativos negócios. Esse apelido, dado por razões tão mundanas, tornar-se-ia um dos nomes mais venerados do cristianismo. Na igreja, também são preservados outros relíquias ligadas à família de Francisco: a pia batismal onde foi batizado (na verdade, uma cópia, pois o original está na Catedral de São Rufino), alguns supostos objetos pertencentes à família Bernardone e um comovente retrato de Francisco realizado pouco após sua morte, considerado um dos mais verossímeis. Interessante também é o pequeno claustro adjacente à igreja, onde outrora ficava o jardim da casa paterna. Aqui, segundo a tradição, o jovem Francisco cultivava rosas, suas flores favoritas, e foi justamente aqui que ocorreu um de seus primeiros milagres: durante uma noite de janeiro, em pleno inverno, as rosas floresceram repentinamente quando o santo ali passou em oração. Saindo para a pequena praça, continuamos em leve descida ao longo do Corso Mazzini; em menos de duzentos metros, chegaremos à vibrante Piazza del Comune, o coração medieval de Assis.
Praça do Comune: O Coração Medieval de Assis
Estamos na Praça do Comune, verdadeiro coração pulsante da vida cívica de Assis há mais de dois mil anos. Esta praça, com sua forma alongada que revela sua origem romana (era o antigo fórum da cidade), ilustra melhor que qualquer outro lugar a estratificação histórica que caracteriza Assis. No centro da praça ergue-se a Fonte dos Três Leões, construída em 1762, mas que substitui uma fonte medieval anterior. Os três leões que lhe dão nome representam as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. É curioso notar como esta fonte foi por séculos o principal ponto de abastecimento de água para os habitantes do centro, e ainda hoje é possível ver idosos do local parando para preencher garrafas com sua água fresca. A praça é dominada por edifícios que representam os diferentes poderes que governaram Assis ao longo dos séculos. De um lado, o poder religioso com o Templo de Minerva, transformado em igreja cristã; do outro, o poder civil com o Palácio dos Priores e a Torre do Povo. Esta coexistência não é casual: na Idade Média, a vida pública de Assis era caracterizada por um delicado equilíbrio entre a autoridade eclesiástica e comunal. Recomendo que tirem alguns minutos para observar o movimento animado que dá vida a este espaço. Ao longo dos séculos, esta praça presenciou mercados, procissões religiosas, execuções públicas, festas populares e revoltas. Conta-se que foi justamente aqui, em 1206, que o jovem Francisco fez um dos gestos mais significativos de sua conversão: a renúncia pública aos bens paternos, despindo-se de suas vestes diante do bispo Guido e de seu pai, Pietro Bernardone, rico mercador de tecidos, declarando não ter outro pai senão aquele nos céus. Observem também as diversas oficinas de artesanato que circundam a praça: muitas ainda mantêm as antigas aberturas medievais e algumas famílias de artesãos afirmam presença nesses mesmos locais há gerações. Particularmente interessantes são as lojas que vendem cerâmicas pintadas à mão segundo a tradição da Úmbria e as oficinas de produtos locais, onde se pode encontrar o excelente azeite DOP Umbria e os vinhos da região. Atravessamos a praça em direção à fachada adornada com brasões: é o Palácio dos Priores, emblema do poder cívico que agora vamos descobrir.
Palazzo dei Priori: Símbolo do Poder Cívico
O Palazzo dei Priori é um elegante testemunho do poder comunal que governou Assis durante a Idade Média. Construído entre os séculos XIII e XIV, este edifício representa um dos melhores exemplos de arquitetura civil gótica na Úmbria. Observamos sua fachada sóbria, mas imponente, de pedra calcária rosa do Monte Subasio, a mesma utilizada em grande parte dos edifícios históricos de Assis, que confere à cidade aquela característica tonalidade rosada que ao entardecer se acende de matizes douradas. A fachada é ornamentada com uma série de janelas ogivais góticas finamente trabalhadas e, no alto, pelos característicos merlões gibelinos em forma de cauda de andorinha, que revelam a filiação política da cidade naquele período histórico. Aqui se sentavam os Priores, os magistrados que administravam a cidade, eleitos entre as famílias mais influentes. Um curioso anedota diz respeito justamente à eleição dos Priores: para evitar interferências externas durante o processo eleitoral, os grandes eleitores eram literalmente murados dentro do palácio até chegarem a uma decisão. Deste costume derivaria a expressão "estar em conclave", embora mais comumente associada à eleição papal. Ao atravessar o portal principal, entramos no átrio onde podemos admirar alguns brasões e lápides comemorativas que contam fragmentos da história da cidade. Particularmente interessante é a Sala do Conselho no primeiro andar, onde a assembleia da cidade se reunia e onde hoje ocorrem as sessões do Conselho Municipal. As paredes são decoradas com afrescos dos séculos XVI-XVII que celebram a história de Assis. Um detalhe curioso: na fachada, você notará duas correntes de ferro penduradas. Estas eram as "correntes do pórtico", que eram estendidas durante as assembleias públicas para impedir a entrada de cavalos e animais, garantindo assim a tranquilidade das discussões. Representam um dos primeiros exemplos de "zona de tráfego limitado" da história! O palácio hoje abriga a Pinacoteca Municipal, uma pequena mas preciosa coleção de obras de arte que merece uma visita, com pinturas que vão do século XIV ao XVII, incluindo obras de Giotto e de sua escola, além de preciosos testemunhos da escola pictórica úmbria. Um fato pouco conhecido: nos subterrâneos do palácio foram descobertos restos de edifícios romanos, testemunhando a continuidade habitacional deste local central da cidade. Durante algumas escavações também foram encontrados objetos do cotidiano romano, hoje expostos no Museu Arqueológico da cidade. Após a visita, vire à esquerda: bastam poucos passos para alcançar o pórtico clássico do Templo de Minerva, magnífico legado da Assis romana.
Templo de Minerva: O Legado Romano de Assis
Aqui diante de nós está um dos tesouros mais extraordinários de Assis: o Templo de Minerva, joia da arquitetura romana que nos transporta a mais de dois mil anos atrás. Construído no século I a.C. durante o período augustano, este edifício é um dos exemplos mais bem preservados de templo romano na Itália, especialmente em relação à sua imponente fachada. Parem por um momento para admirar as seis colunas coríntias caneladas da fachada, com quase 9 metros de altura, que sustentam um frontão triangular de proporções perfeitas. Estas colunas, feitas de travertino local e posteriormente revestidas com estuque para simular o mármore mais fino, resistiram por dois mil anos a terremotos, guerras e intempéries. É fascinante pensar que os olhos de São Francisco pousaram sobre estas mesmas colunas, quando o templo já era milenar. A conservação perfeita da fachada deve-se a um curioso caso histórico: no século VI d.C., quando o cristianismo já estava estabelecido, o templo pagão foi convertido em igreja cristã dedicada a São Donato. Esta transformação, em vez de levar à destruição do edifício, como muitas vezes acontecia, garantiu a sua preservação. No século XVI, a igreja foi rededicada a Santa Maria sopra Minerva, nome que ainda mantém hoje, num sugestivo exemplo de sincretismo religioso que liga a deusa da sabedoria à Virgem Maria. Um anedota curiosa: quando Johann Wolfgang Goethe visitou Assis em 1786, durante a sua célebre viagem à Itália, ficou tão impressionado com a beleza deste templo que o definiu como "o primeiro templo antigo que vejo inteiro", dedicando-lhe páginas entusiásticas no seu diário de viagem. Entremos agora para o interior, onde nos espera uma surpresa: contrariamente ao exterior clássico, o interior é completamente barroco, fruto de uma reforma dos séculos XVII-XVIII. Este contraste entre o exterior pagão e o interior cristão representa perfeitamente a estratificação histórica e cultural que caracteriza toda Assis. Note, na parede direita, uma pequena porta que antigamente permitia o acesso ao criptopórtico romano, uma estrutura subterrânea que sustentava o templo e o fórum, ainda parcialmente visitável. Segundo a tradição popular, estes corredores subterrâneos teriam sido utilizados pelos primeiros cristãos para fugir das perseguições. Atravessamos diagonalmente a praça e, exatamente ao lado do Palazzo dei Priori, ergue-se a esbelta Torre del Popolo, nossa próxima parada.
Torre do Povo
Ao lado do Palazzo dei Priori, ergue-se imponente a Torre del Popolo, com cerca de 47 metros de altura, que desde o século XIII domina o perfil de Assis. Construída por volta de 1305, esta torre cívica representava o símbolo concreto do poder municipal e da liberdade cidadã numa época em que a altura dos edifícios era diretamente proporcional ao prestígio e à autoridade de seus proprietários. A torre possui uma estrutura robusta, com base quadrada e paredes com mais de dois metros de espessura, feitas da mesma pedra calcária rosa do Monte Subásio que caracteriza os edifícios históricos de Assis. Se observar atentamente, notará que a parte inferior é mais antiga e maciça, enquanto a parte superior, adicionada posteriormente, apresenta um aspecto mais elaborado, com janelas bíforas e decorações góticas. No topo da torre, originalmente, havia um grande sino chamado “Campana del Popolo”, que marcava os ritmos da vida da cidade: anunciava a abertura e o fechamento das portas da cidade, convocava os cidadãos para as assembleias públicas e soava em caso de perigo. Conta-se que em 1310, durante uma revolta popular contra o domínio de Perugia, o sino tocou incessantemente por três dias e três noites, até que os cidadãos conseguiram expulsar os representantes de Perugia e restabelecer a autonomia municipal. Um curioso anedoto envolve o sistema de vigilância: na época medieval, no cimo da torre, havia permanentemente um guarda encarregado de avistar eventuais perigos, como incêndios ou a aproximação de tropas inimigas. Para garantir que permanecesse acordado durante os turnos noturnos, ele devia tocar um pequeno sino a cada hora. Se o som não fosse ouvido, outros guardas subiam imediatamente para controlar a situação, e as punições para quem adormecia em serviço eram severíssimas! Na base da torre, encontra-se um pórtico que antigamente abrigava o mercado da cidade e onde também eram realizadas execuções públicas. Sob o pórtico, ainda é possível ver alguns antigos sistemas de medição esculpidos na pedra: o "passetto" e o "piede", unidades de medida padrão que serviam para regular as transações comerciais e resolver eventuais disputas entre mercadores e compradores. A partir deste ponto central de Assis, continuamos nosso percurso subindo em direção à parte alta da cidade. Entramos na Via San Rufino, uma característica rua medieval com casas-torre e palácios nobres que nos levará à Catedral de San Rufino, catedral de Assis e local de fundamental importância na vida de São Francisco e Santa Clara, onde ambos foram batizados.
Catedral de San Rufino
Ao continuarmos nossa subida pelas vielas medievais de Assis, chegamos à esplendorosa Catedral de São Rufino, dedicada ao padroeiro da cidade, um bispo martirizado no século III. A fachada românica, realizada por Giovanni da Gubbio em 1140, é uma verdadeira obra-prima com seus três portais ricamente decorados, o rosácea central e os leões e grifos simbólicos que parecem proteger a entrada. Esta igreja tem uma importância particular na história franciscana: aqui foram batizados tanto Francisco quanto Clara, como lembram as duas fontes batismais conservadas no interior. A original, datada dos séculos XII-XIII, encontra-se na nave direita; enquanto na nave esquerda está uma cópia moderna, colocada exatamente no ponto onde, segundo a tradição, ocorreu o batismo dos dois santos. É comovente pensar que neste mesmo local, em 1182 e 1194, foram pronunciados os nomes de duas crianças destinadas a mudar a história da espiritualidade ocidental. Ao entrar, notamos imediatamente como o interior, ao contrário da fachada românica, foi completamente remodelado em estilo barroco nos séculos XVI-XVII. As três naves são ritmadas por imponentes colunas e a luz que entra pelas amplas janelas cria uma atmosfera solene. No transepto direito, não deixe de admirar a Madonna del Popolo, uma tábua do século XIII muito venerada pelos habitantes de Assis, diante da qual, segundo a tradição, São Francisco muitas vezes parava para rezar. Uma curiosidade: se prestar atenção, notará que o piso da nave central está ligeiramente inclinado em direção à entrada. Não se trata de um defeito estrutural, mas de uma escolha arquitetônica precisa para facilitar a limpeza da igreja: bastava derramar baldes de água do altar e ela naturalmente escorria em direção à saída! Sob a catedral encontra-se a cripta, que abriga os restos da primitiva construção paleocristã e as relíquias de São Rufino. Adjacente à catedral, fica o Museu Diocesano, que guarda preciosas obras de arte, incluindo pinturas de Perugino e da escola de Giotto. Agora retomamos o fôlego descendo pela Via Portica e depois pela Via San Francesco; em dez minutos chegaremos à luminosa Piazza Superiore da Basílica de São Francisco.
Praça Superior de São Francisco
Prosseguindo nosso caminho através do labirinto de ruas medievais, chegamos à Piazza Superiore di San Francesco, um amplo espaço que se abre como uma varanda natural sobre o vale abaixo. Este local representa um dos pontos panorâmicos mais impressionantes de Assis, oferecendo uma vista deslumbrante que se estende do vale umbro até os montes Martani e, nos dias mais claros, até os montes Sibillini. A praça está situada em frente à entrada superior da Basílica de São Francisco e é caracterizada por um grande gramado verde cercado por um baixo muro de pedra calcária, ideal para sentar e contemplar a paisagem. Não é difícil imaginar por que este local, nas margens da cidade medieval e voltado para a natureza, foi escolhido para erguer a basílica dedicada ao santo que via na natureza o reflexo mais puro da criação divina. Um anedota interessante refere-se à escolha do local para a construção da basílica: esta área de Assis era conhecida na Idade Média como "Colle dell'Inferno", pois ali eram executadas as penas de morte e enterrados os malfeitores. Foi o próprio Francisco quem expressou o desejo de ser sepultado aqui, num gesto de humildade extrema. Após sua canonização, ocorrida apenas dois anos após sua morte, o monte foi renomeado "Colle del Paradiso", em uma dessas inversões simbólicas tão queridas à espiritualidade franciscana. Da praça, pode-se observar a estrutura arquitetônica da Basílica, com suas duas igrejas sobrepostas (Inferior e Superior) e o imponente campanário. A solução de construir duas igrejas uma sobre a outra foi ditada tanto pela conformação do terreno em declive quanto pela vontade de criar dois espaços distintos: um mais recolhido e místico (a Basílica Inferior) e outro mais luminoso e majestoso (a Basílica Superior). É interessante notar como a posição da basílica, fora das muralhas da cidade da época, reflete também a posição de Francisco em relação à Igreja de seu tempo: dentro e fora ao mesmo tempo, fiel à instituição mas portador de uma mensagem revolucionária. A praça possui uma acústica especial, provavelmente devido à sua conformação semicircular aberta sobre o vale, que a torna ideal para eventos musicais. Não é raro, especialmente nas noites de verão, assistir a concertos de música sacra ou medieval que criam uma atmosfera verdadeiramente mágica. Um detalhe curioso: se observar com atenção o gramado da praça, notará que ele é pontilhado por pequenas rosas. Segundo uma tradição local, essas rosas seriam descendentes daquelas plantadas pelo próprio Francisco no jardim de sua casa paterna e que, milagrosamente, florescem o ano todo, mesmo nos meses de inverno. Após apreciar este panorama extraordinário, nos dirigimos agora à última etapa do nosso itinerário: a Rocca Maggiore, a imponente fortaleza medieval que domina Assis do alto da colina.
Igreja de Santa Maria Maggiore - Santuário da Despojamento
No coração de Assis, repousando na encosta do monte Subásio, ergue-se a Igreja de Santa Maria Maggiore, hoje conhecida como Santuário da Despolição. A igreja está situada na Piazza del Vescovado, em frente à Fonte dos Leões do século XVI, em um local repleto de história e espiritualidade. Este edifício data dos séculos XI-XII e encerra séculos de história, representando um dos pontos mais significativos no percurso espiritual de São Francisco. Em tempos foi a catedral de Assis até 1036 e possui raízes antiquíssimas: foi edificada sobre estruturas paleocristãs que por sua vez surgiram sobre uma domus romana, a chamada "casa de Propércio". O nome "Santuário da Despolição" deriva de um evento crucial na vida de São Francisco de Assis. Segundo a tradição, foi precisamente neste lugar que Francisco se despojou publicamente de suas vestes e bens materiais diante do bispo Guido e do pai Pietro di Bernardone, renunciando a todas as riquezas terrenas para abraçar uma vida de pobreza e dedicação a Deus. Com decreto de 25 de dezembro de 2016, o bispo Domenico Sorrentino erigiu este local como Santuário da Despolição, relembrando o célebre gesto marcante de São Francisco, ocorrido nas proximidades da igreja. Hoje, este local assume um duplo significado para os peregrinos: por um lado, guarda a memória do gesto radical com o qual Francisco renunciou aos bens terrenos; por outro, hospeda o túmulo do Beato Carlo Acutis, o jovem "santo dos millennials". Profundamente devoto à Eucaristia, Carlo é conhecido por ter criado uma exposição virtual sobre os milagres eucarísticos ao redor do mundo. Seu corpo repousa em uma urna de vidro na nave direita da igreja, vestido com roupas casuais, símbolo de sua vida cotidiana e proximidade com os jovens. Em 10 de outubro de 2020, Carlo foi beatificado em Assis, e seu túmulo tornou-se um local de peregrinação para milhares de fiéis.
La Città e la Basilica Papale di Assisi
A Cidade de Assis: Nos Passos de São Francisco
Idioma do itinerário:
Basílica de Santa Clara
Chiesa Nuova: A Casa Natal de São Francisco
Praça do Comune: O Coração Medieval de Assis
Palazzo dei Priori: Símbolo do Poder Cívico
Templo de Minerva: O Legado Romano de Assis
Torre do Povo
Catedral de San Rufino
Praça Superior de São Francisco
Igreja de Santa Maria Maggiore - Santuário da Despojamento